segunda-feira, 26 de julho de 2010

Onde

De uns dias pra cá,
tenho me perfumado,
antes de dormir,
antevendo, talvez,
num sonho louco
te deparar em mim.
E por trás de nós,
pingando um chorinho ansioso,
tudo melodicamente impresso
num instante,
ali,
sem mais prazos.
Se quiseres,
é na hora.
E pula o minuto,
suspiro imprevisto...
e já sinto tua ausência,
a começar pelos pés.
E a retina vaga
flutua, antiga,
na posição em que deverias estar.



domingo, 25 de julho de 2010

Corte

Eu sobro dos dias aquilo que fica.
Você cobre as mãos,
um palmo de vida,
dois terços de pavor.
Eu cobro de mim cerimônia,
o rito de esperar o então dum sim,
suspiro pêndulo à corda.

Nem sabe você
do tamanho dessa imprecisão
ou do que se perde sem
você ver.

Sempre madruga na dúvida.
Sempre penduradas em horas escorregadias
e novas unhas,
bem ver a tarde partir e falir um abraço longo
num seguinte que corre.
Nem sei eu
dum hormônio que nos controle
estes impulsos.

Nem vou travar nervos.
Posso imperar este verbo vencível,
posso perambular e arremedar
qual praga cega,

mesmo que pouse cravo seco.